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Não Posso Mudar Aquilo que Sequer Enxergo
Consciência que Liberta | Edição #001
Era dezembro de 2019. Semana do Natal.
Eu e um amigo estávamos conversando sobre os rumos das nossas vidas. Ambos estavam insatisfeitos, tristes e muito frustrados. Decidimos, então, que iriamos fazer algo para modificar a situação.
Uns dois, três meses atrás, eu havia alcançado meu ápice de tristeza e frustração em relação à minha vida, especificamente, em relação à área profissional. Mas, como sabemos, se uma área da nossa vida não vai bem, é questão de tempo, às vezes curtíssimo tempo, para as demais áreas começarem a desmoronar.
Devido à minha insatisfação, já havia iniciado pesquisas sobre cursos, tratamentos para começar minha jornada de autoconhecimento e transformação.
Na época, não considerei um detalhe importantíssimo, o qual faz toda a diferença para se obter sucesso na jornada do autoconhecimento: o olhar para dentro.
Qualquer jornada de transformação real e efetiva inicia no nosso mundo interno, ou seja, é necessário o movimento de olhar para dentro. Nenhuma jornada ou mudança é efetiva e transformadora se pautada no mundo externo.
Segui olhando para o externo.
Naquele momento, não parei para escutar o que minha dor queria me dizer e, mesmo que tivesse parado, acredito que não escutaria nada, pois os ruídos internos eram tantos e tão altos, que não me permitiriam escutar algo tão profundo.
Além dos ruídos, existia a urgência em resolver logo a situação, visto que a insatisfação e a frustração já me acompanhavam há um bom tempo.
Tive que seguir com a vida.
Segui acreditando que era uma questão de pequenos ajustes na área profissional e tudo ficaria bem. Eu ficaria feliz e realizada.
Que ilusão a minha!
Mal sabia que minha dor, apesar de já me acompanhar há algum tempo, iria falar tão alto que, num determinado momento, acompanhada de uma imensa frustração, iria me paralisar diante da vida!
Então, para avançar, no sentido de transformar a minha maior dor na minha maior força, precisei olhar profundamente para meu Eu.
Olhar para dentro
Olhar para dentro exige disposição e, principalmente, coragem.
Passamos a vida tentando atender às expectativas de pessoas próximas, nossos pais, amigos, irmãos e professores.
Passamos a vida tentando nos encaixar em padrões que não condizem com a nossa essência e, geralmente, é através da dor e frustração que percebemos isso.
Sabe quando chega aquele momento que não dá mais? Aquela dor profunda sinalizou isso. Foi naquele momento que me senti estagnada e com uma dor profunda na alma.
Quando estava nesse lugar, não me restava outra alternativa a não ser mudar a rota da minha caminhada.
Não foi fácil. Estar naquele local de dor, frustração e, ao mesmo tempo, com imenso medo e incertezas sobre o que me aguardava, me fez várias vezes pensar em desistir.
E por que não desisti? Porque acreditava, de alguma forma, que possuía uma força interna que seria capaz de me ajudar a navegar naquele mar revolto.
Mas para conhecer, me apropriar dessa força interna, teria que mergulhar no meu mar interno, ir para dentro.
Afinal, não posso mudar aquilo que se quer enxergo.
Apenas seja você
Iniciei um longo caminho de cursos, terapias, muitos livros.
Gradualmente as coisas foram acontecendo e obtive mais clareza da situação em que me encontrava.
Ainda houve um longo período para aceitar e entender a minha resistência em aceitar minha essência, em aceitar e entender o que meu Eu mais profundo desejava.
Olho para trás e penso: como não conhecia nada a meu respeito! Continuo no processo de autoconhecimento, o qual, a meu ver, é eterno.
Em relação à minha resistência, hoje enxergo claramente que, na ocasião, era meu ego querendo de toda maneira tomar conta da situação, afinal, qualquer movimento em direção ao desconhecido significa morte para ele.
Conforme a clareza foi ficando maior, é como se tivesse voltado a um lugar muito familiar. Foi uma sensação estranha, difícil de externar em palavras.
Naquele momento, o óbvio se mostrou. Mudaria de uma carreira de sucesso no mundo corporativo para a área de terapia energética e espiritual e psicanálise.
E por que isso foi tão óbvio? Porque é como se tivesse caído a ficha da minha vida! O que meu Eu Profundo desejava estava tão próximo, tão na minha cara, bastou ir para dentro!
Com a transição de carreira e mares revoltos, aprendi que ao ouvir e respeitar a minha essência, a vida fica muito mais leve e fluida.
Aprendi que devemos ser e viver a nossa essência e isso se traduz em apenas seja você!
E a vida seguiu seu curso! Hoje sou terapeuta energética e espiritual e estudante de psicanálise no eterno processo de autoconhecimento e feliz com minha escolha.
Mares revoltos continuam por vir. Mas hoje sei que dentro de mim existe um porto seguro onde posso atracar meu barquinho até que o mar fique relativamente calmo e, assim, seguir navegando no meu mar interno e pela vida.
Afetuosamente,
Lisie